domingo, 15 de janeiro de 2012

Mãe

Há exatos 17 anos, em 15/01/1995, minha mãe faleceu. Como voa o tempo !!! Ela tinha apenas 51 anos, mas tenho certeza que foram vividos da forma que ela queria ... e ela se divertiu, era uma figura. Estourada que só ela, vixiiii, arranca-rabos gigantescos com muuuuuitas pessoas, aqui em casa, com a família dela, com a família do meu pai, amigas, amigos ..., mas ela era assim e digo, era carinhosa, amiga, companheira, moderna e conservadora ao mesmo tempo.
Amava aquela mulher. As últimas lembranças que tenho dela não são tristes ...são do jeito dela. No fim de 94 ela passou muito tempo no hospital, mas se esforçou para que o Dr. Rangel a liberasse para passar o Natal em casa. Dito e feito, foi liberada, acho que dia 22 ou 23, correu para fazer as coisas, passamos o último Natal em casa com ela, mas logo depois do Natal ela voltou a ser internada. No dia 30 eu saí com meus amigos da faculdade (saudades do Soweto na João Moura !!!) e voltei virado para casa. Meu pai ia participar da São Silvestre e então fui para a Beneficência Portuguesa ficar com ela. Mas, obviamente havia um pedido dela: torresmo !!!! Isso mesmo, meu pai é especialista em torresmo (família e amigos conhecem) e ele sempre fazia quando havia algum evento (no caso, Ano Novo) e ela me pediu que levasse para ela no hospital. O problema dela era simples ...rs: CORAÇÃO, ou seja, um torresminho caia super bem, né ...rs, mas eu que não levasse os torresmos para ver o que era bom para a tosse. Lá fui eu com o saquinho de papel pardo com o torresmo dentro.
E lá ficamos, ela na cama dela e eu na cama da visita, comendo torresmo e conversando, jogando conversa fora, vendo tv, tentando ver meu pai na São Silvestre ..., dali a pouco entra a enfermeira e ela joga o torresmo dentro da gaveta do armário do lado dela ....rs, olha para mim e dá uma risadinha sacana ...rs

Alguns dias depois, na véspera da cirurgia para troca da válvula, lembro dela brincando com a Zefa, que está conosco há mais de 30 anos, dizendo para ela não esperar nada de herança ...

Após a cirurgia dela, eu fui o última a vê-la, algumas horas antes dela falecer, lembro que ela não estava bem, meio delirando, mas lembro que me perguntou do Osmar Santos, que havia sofrido o acidente que praticamente o deixou vegetando (sabemos de sua luta, seus esforços, mas ...não sou hipócrita), lembro dela ter perguntado se era noite ou dia, porque estava na UTI e lembro dela me pedindo um pouco de água, que ela não podia tomar, somente nos horários em que a enfermeira lhe dava um pouquinho, eu expliquei que ela não podia tomar, tinha enfermeira olhando, daí ela me disse baixinho: engana elas e me dê um pouquinho ...com aquele sorrisinho sacana ... . Eu não a havia visitado ainda porque não queria vê-la ali, sabia que ela sairia de lá ..., mas chegou aquele sábado e o quadro só piorava e daí eu fui. Saí de lá certo de que ela não estava tão mal assim, afinal, estava conversando, brincando ...., mas lá no fundo eu sabia que as coisas não eram simples ....ela não estava bem, mas ... poxa ...

Sei que muitas coisas aconteceram em nossas vidas depois que ela partiu, coisas boas, ruins, coisas para se orgulhar, outras para se envergonhar, mas de uma coisa eu tenho certeza, ela estaria curtindo e muito os netinhos dela. Tenho certeza de que estaria com o cheque especial e os cartões de créditos estourado, como sempre, comprando roupas, brinquedos para eles. Estaria viajando, lendo o jornal dela na copa ou no sofá, cochilando na sala com a tv ligada ...

Saudades de você, mãe !

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