segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Leitura leve e descontraída

Estou animado com o post, então queria comentar sobre alguns livros bacanas que li desde o ano passado, todos relacionados com música. Historicamente não sou um bom leitor, na verdade nunca fui fã de literatura, na escola, para terem idéia me lembro de dois livros que me marcaram: Um Certo Capitão Rodrigo, do Érico Veríssimo, porque na década de 80 teve uma minissérie na Globo chamado O Tempo e o Vento, da qual esse livro fazia parte, se não me engano era uma trilogia, well, o que interessa é que curti muito o livro porque havia visto e adorado a minisséria na TV antes e o outro livro foi O Boca do Inferno/Bocage, do Gregório de Matos, esse marcou pela putaria, palavrões e besteiradas que rolavam no período colonial no Brasil, enfim, tudo o que um bom adolescente gosta e eu curtia muito ...hehehehe.





Anos depois eu voltei a tentar ler e o livro que escolhi foi Chatô, do Fernando Morais, a biografia do Assis Chateaubriand, o verdadeiro Rei das Mídias, Imprensa, Cultura e Arte, Aviação ...o verdadeiro Rei do Brasil. Muito antes do Roberto Marinho, do Sílvio Santos veio o Chatô. Levei quase 6 meses para ler, livro grosso, que levava quase todos os dias para a faculdade, mas mesmo levando tanto tempo para ler, não esqueci de nada do que li, realmente uma figura marcante, antecipou em anos o que Sarney veio a fazer ao mudar de domicílio eleitoral, representou o Brasil no exterior de maneira caricata, esteve ao lado dos comunistas, dos ditadores, desafiou o governo militar, trouxe a TV para o Brasil, ajudou com a criação do Masp, muitos aviões foram comprados no Brasil devido ao seu incentivo. Muitas vezes esses incentivos nas diversas áreas onde atuou eram feitas de modos peculiares, com ameaças; desde difamação até agressões físicas. É um cara para se admirar, para o bem e para o mal, esse é o cara. Quem mais teria culhão de chamar Getúlio de Vargas de “Ditador” no trato pessoal ??? Ou pendurar uma bandeira da União Soviética na frente de casa, em plena avenida movimentada e nobre em São Paulo ??? Sim, somente ele, Chatô.




Novo intervalo grande e em 2008 resolvi reiniciar minha aventura literária, dessa vez pensei com meus botões: “Que assunto mais gosto ?” – “Música, certo ? Então vamos ler sobre música !”
O primeiro livro que comprei foi a autobiografia de Eric Clapton, poxa, um livro muito legal, claro que a parte da infância é muito chata, não anda, mas assim que ele começa sua carreira, o livro fica muito interessante, o mais legal é que não é um livro chapa branca, ele tem autocrítica, sabe do que fez de bom e ruim, não fica fazendo média com as pessoas com quem conviveu, comenta sobre passagens importantes em sua vida e carreira, relacionamentos, problemas com o álcool e drogas, fala sobre as mortes de pessoas próximas a ele, inclusive é tocante o carinho que ele tinha pelo Jimi Hendrix, coisa que eu não imaginava ... já que não tinha idéia dessa proximidade entre ambos. Realmente um grande recomeço para minha carreira literária ...hahahaha e uma verdadeira aula sobre um dos maiores ídolos do rock e blues.




Depois parti para Vale Tudo: Tim Maia, delicioso livro escrito pelo Nelson Motta, outro livro sem o carimbo de chapa branca, um livro escrito sobre um grande amigo dele, com riqueza de detalhes, passagens hilárias, um livro para ler e relembrar, pois são histórias engraçadíssimas, de um músico que todos nós tínhamos um grande carinho, eu sou bem sincero, conheço muito pouco da sua obra, conheço o que tocava em rádio, novela, mas que eu deveria me embrenhar, especialmente nas fases soul e funk dele, não gosto do lado “romântico”, muito brega para o meu gosto, mas o assunto é o livro, e nele você encontrará uma pessoa rara, que não estava nem aí para ninguém e para nada, curtia suas “Rê Bordosas”após suas festas regadas a pó e whisky, não estava nem aí para os processos que sofria, realmente um fora-da-lei, mas com um carisma imenso. Diversão, é isso o que posso dizer do livro !!!




Alguns outros livros interessantes que li foram: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band – Um Anon a Vida dos Beatles e Amigos, de Clinton Heylin, um livro muito bacana, pois assim como muitos, tenho o Sgt. Pepper’s como o disco que mais gosto e admiro dos Beatles e, nesse livro, o autor desmistifica um pouco o disco, que para muitos é considerado como o melhor já feito na história do rock. Aqui ficamos sabendo que era para ser um disco temático, que a grande força por trás do livro é Paul Mccartney, que na época passou a freqüentar grupos de intelectuais, que John Lennon estava se afundando em drogas e pouco contribuiu, quer dizer, não podemos dizer “pouco” para quem nos deu A Day in the Life , mostra também no mesmo período o que outras bandas contemporâneas estavam fazendo, Stones, Pink Floyd, Who, Beach Boys e todo o cenário psicodélico e as relações entre as bandas. Para quem ama Sgt. Pepper’s, você vai odiar o autor ...rs, mas para quem gosta de aprender sobre os bastidores da música, um grande livro.



Há um outro livro chamado Uma Temporada no Inferno escrito por Robert Greenfield, ex-repórter da Rolling Stone, retrata como foi a gravação no Sul da França do álbum clássico dos Stones, Exile on Main Street, todas as orgias, consumos colossais de drogas (todos os tipos), crimes, presença de vigaristas, acidentes, incidentes, mortes e também música, claro. Um relato de quem viveu de perto toda a loucura de uma época marcada pelo excesso da maior banda de rock da época e quem sabe da história.



Li também um livro sobre o promotor de shows, empresário, agitador cultural, Bill Graham, Minha vida dentro e fora do Rock. Foi Bill quem começou a profissionalização da organização dos shows, grandes turnês, casa de shows com estrutura decente, realmente um grande empresário antes de tudo. Um livro que revela muito dos bastidores do rock, desde a década de 60 até 1991, quando Bill morreu em um acidente de helicóptero ao sair de um show. Foi o responsável pela primeira turnê de caráter mundial e de grandeza dos Stones no início dos anos 80, promoveu as primeiras grandes turnês de bandas em grandes estádios ao redor do mundo. Um cara amado e odiado no meio musical, mas mais um livro muito bom para aprendermos como as coisas funcionam em seus bastidores.



Recentemente li 2 livros muito legais: Mais pesado que o Céu, quase uma biografia de Kurt Cobain, um livro muito legal de se ler, mais uma vez temos que passar pela parte chata que é a infância do artista, mas no caso de Cobain vale a penas, pois percebemos o quanto ele era manipulador e inventava histórias sobre sua infância, para justificar algumas de suas atitudes, assim como o seu vício absurdo em heroína. Percebemos que se ele não tivesse dado um tiro na cabeça, teria morrido cedo ou tarde de overdose. Amo Nirvana, assisti-os no Hollywood Rock no Morumbi, o famoso show onde eles trocaram os instrumentos no palco, onde ele saiu engatinhando do palco amparado por uma loira, que anos depois descobri que era a Courtney Love, mas que no fim das contas foi um grande babaca, se enfiou na heroína e não teve força e nem quis sair do vício e sempre usava alguma desculpa para manter o vício. É um livro bem legal também para tirarmos um pouco da culpa de Courtney Love sobre o vício de Kurt.



O outro livro que li e queria comentar é: Mate-me, por favor ! Um livro divertido de ler, relata toda a história do surgimento do Punk Rock nos EUA e Inglaterra, com relatos de todos os principais integrantes do movimento, incluindo cantores, bandas, groupies, traficantes, seguranças, empresários, etc. Lendo o livro a impressão que passa é que todos foram viciados em drogas, gays, cafetões, bandidos, mas que curtiam todo o movimento e se divertiam com ele. Histórias muito engraçadas, algumas histórias contadas por diferentes pessoas, por diferentes ângulos, mas sempre interessante e divertido. Um livro que curti muito e li rapidinho, o que é bom sinal, certo ?




Agora tem um livro que eu li e me decepcionei muito, que é o de de A-ha a U2, do Zeca Camargo, um livro fraquinho, onde não há informação sobre bastidores ou curiosidades, um livro muito impessoal, feito por um cara que foi chefe de jornalismo da MTV, um período de total independência, mesmo com recursos financeiros curtos, participou de coberturas de shows interessantes, realizarou diversas entrevistas exclusivas com o que de melhor havia no pop/rock dos anos 90, mas preferiu manter mais a faceta "Globo de qualidade" ao invés de mostrar o lado de improvisação, ingenuidade, etc. Achei fraco mesmo, esse é chapa branca total, não compromete ninguém, não há crítica a postura de artistas entrevistados ... uma pena, era uma ótima oportunidade de fugir do esquemão "Globo" de jornalismo. Não perca o seu tempo !



Têm dois livros que quero comprar, um é o A Vida até parece uma Festa, sobre os Titãs e o outro é o Dias de Luta, sobre o rock brasileiro da década de 80 e que foi muito bem recomendado por um amigão.
Acho que ficou muito grande esse post, mas queria dar essas dicas para vocês que gostam ou não de ler ... música é sempre bom, mesmo quando não é feita para se ouvir.

Abraços !!!

3 comentários:

  1. Que chique!!! Sempre quis ter um amigo blogueiro pra poder falar mal e postar comentários sacaneando o blog...
    E essa história de levar o Chatô pra faculdade todo dia, não lembro disso não.

    ResponderExcluir
  2. Gel, vc está mesmo com bastante tempo livre, o primeiro post é enorme!!! hahaha
    Mas assim que é bom!
    Parabéns e vamos lá!
    Beijos
    Dani

    ResponderExcluir
  3. Daniel, meu bom!
    Parabéns pelo blog, muito legal. Se quiser os dois livros emprestados é só avisar... aí a gente marca uma "cerimônia de entrega" (regada a muita cerveja, claro!).
    Abraço.
    Ricardo

    ResponderExcluir